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Sinopse:
A guerra colonial (1961/75) terá sido possivelmente o acontecimento mais marcante da sociedade portuguesa do Séc. XX. Foi-o, pelo menos, para a nossa geração, a minha e a do José Saúde. Estamos a falar de mais de um milhão de combatentes, portugueses, mas também guineenses, angolanos e moçambicanos (que estiveram de um lado e do outro da “barricada”). O seu desfecho levou não só à restauração da democracia em Portugal, com o 25 de Abril de 1974, mas também ao desmantelamento dum império colonial que verdadeiramente nunca chegou a sê-lo, e ao nascimento de novos estados lusófonos, a começar pela Guiné-Bissau, mais de cento e cinquenta anos depois da independência do Brasil (em 1822). ¶ Em contrapartida, não creio que Portugal, meio século depois, tenha feito ainda o balanço (global) de uma guerra que, contrariamente a outras no passado (por ex., invasões napoleónicas e guerras civis no Séc. XIX), se passou a muitos milhares de quilómetros de distância da Pátria, na África tropical. Portugal nunca fez o luto da guerra colonial (ou está agora a fazê-lo, lenta, tardia e patologicamente). [Luís Graça – fundador e editor do blogue ‘luís graça & camaradas da guiné’]
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Falava-se da Guiné como o diabo foge da cruz. A guerra naquela província do Ultramar era terrível. Traçavam-se cenários mórbidos. A rapaziada comentava e a mensagem passava de boca em boca. Mas o destino contemplou-me e eu, tal como grande parte dos rapazes desses tempos, não fugi a esse fim. Fui e voltei tal como parti, restando resquícios de histórias que contemporizam o meu calendário de vida. ¶ Camaradas houve, e foram muitos, que já não usufruem, infelizmente, do prazer de partilhar momentos de convívio e narrar as suas histórias de vida. Uns, morreram em combate na densidade de um mato cerrado; outros, faleceram numa emboscada; outros, encontraram a morte em ataques aos quartéis; outros, fecharam definitivamente os olhos em famigerados rebentamentos de minas anticarro e antipessoal e, ainda, há aqueles que morreram em momentos de pura infelicidade. Desastres com viaturas militares ou armas de fogo, carimbaram o seu derradeiro fim. [José Saúde]
Índice:
Prefácio
Introdução
Agradecimento
Histórias de Gabu Antiga Nova Lamego Tempos de guerra e de paz Os conflitos e a dedicação do povo Gratidão Piriquitos exploram o centro de Nova Lamego Passeio na “5.ª Avenida” Uma guerra que deixou marcas no tempo “Filhos do vento” A notícia infeliz da menina de Gabu Morte aos 12 anos Sexo na guerra Tabu? Os conflitos tribais e a ação da nossa tropa A “psicó” Lavadeiras: duquesas de militares ávidos de paixões amorosas As suas presenças cativavam Recordando o benjamim da minha Companhia Alberto, um miúdo que irradiava simpatia Dois guerrilheiros do PAIGC piraram-se da prisão de Gabu A fuga Natal de 1973: rescaldo de uma noite quente e de luar A consoada Batuque na tabanca e na messe de sargentos Noite de descontração A coluna que desafiava o imprevisto Misto de prazer e medo Morte estúpida na pista de aviação Damásio, soldado exemplar O homem da bicicleta Tabanca à beira da estrada As arquitetónicas fortalezas das formigas na Guiné Bagabagas, castelos de defesa A caminho da bolanha Jornada de trabalho Recordando o saudoso enfermeiro Dinis Militar e amigo Mário, antigo guerrilheiro do PAIGC O impedido do comandante O fula que conduzia a nossa tropa pelo interior da mata Jau, o guia Um povo com costumes natos Mulher da tabanca Futebol em tempo de pausa Uma equipa de Gabu Rapaz franzino, de reposta fácil e acertada O Dias e a sua rebeldia A mota da malta Um brinquedo encantador Descanso do guerreiro Meditando O rádio do nosso contentamento Música para omitir a dor Jaló, um milícia dúbio Homem feito ao sistema Uma ida ao matadouro de Gabu Seidi, o magarefe Bafatá, cidade acolhedora Um olhar sobre o Geba Festa no quarto Momentos de lazer O velho da tabanca revelava um saber ancestral O homem grande e o seu cachimbo Jovens da tabanca Rostos de inocência A mata e os seus mistérios “Exército” de abelhas Camaradas que separaram na Guiné Pedro Neves foi para Binta, eu para Gabu Ramos, furriel miliciano/ranger que desertou para o PAIGC De Tavira à Guiné Tempos de guerra e de cruéis condições para “putos” entregues ao destino A morte de um camarada Proteção avançada a um avião que aterrava na pista de Gabu Uma tarefa prudente Um poço no mato Saciando a sede Noite de petisco Cabrito assado no forno Companhia de soldados nativos jurou bandeira Ronco no quartel Deus, virtualmente presente A fé na guerra Efeitos da guerra Ambulância apanhada ao PAIGC Viaturas “bélicas” que percorriam os trilhos na Guiné Unimog, uma máquina imparável Um olhar sobre uma tabanca onde se arquitetavam sonhos Crianças Doença conhecida pelos camaradas que pisaram solo guineense O paludismo Saudades daquela nota esverdeada estampada com a figura de Nuno Tristão 50 pesos Numa passagem por Bissau “AO ESFORÇO DA PÁTRIA” Prendas, rádios, bagatelas, tudo ali se comprava O corrupio às lojas dos libaneses O mundo é pequeno e as nossas recordações gigantescas Vidas Pássaros que esvoaçavam os céus da Guiné Abutres Visita a Madina Mandinga em tempo de paz Passeio seguro à beira do capim Memórias que o tempo jamais apagará Recordando Paredes impregnadas de imagens de mulheres Um lavar de olhos em tempo de guerra “Mansões” que acolhiam combatentes exaustos A palhota Imagens que nos tocam O nosso quartel Rui, oriundo dos choupais de Coimbra e afidalgado cavalheiro Que é feito de ti, camarada? Visita à piscina do QG, em Bissau Uma ida a banhos Stress pós-traumático de guerra: uma patologia irreversível Incompreendidos e injustiçados O “ventre” de um espólio raramente conhecido Passagem de bens alimentícios em armazém A revolta da população após a libertação pelas forças do PAIGC Amarras do medo Os estridentes sons que rompiam no horizonte O Noratlas Na cozinha da messe de sargentos “Sermão aos peixes” Da Restauração da Independência em 1640 à guerra na Guiné (1963/1974) Batalhas em campos e tempos desiguais Delegação do PAIGC em Bafatá O tempo de afirmação O fim da nossa presença na região de Gabu A despedida Noite de copos em Bissau onde tudo acabou à “molhada” Uma cena que fez tremer o meu amigo Otílio Mensagens Natalícias de antigos combatentes Realidades de guerra A “perícia” dos condutores enviados para a guerra na Guiné Os homens do volante Guiné, da escravatura à carne para canhão Escravos e combatentes Resquícios de uma guerra que nos fora cruel Abandonados As palavras escritas que deixaram marcas ao longo da guerra Aerogramas Gabu em 1999 Lembrando os artifícios em tempo de guerra Três contos e novecentos que caíram numa emboscada A guerra de além-mar Calar é resignar História Quadro de mortos e feridos na guerra colonial Memórias de um povo Principais Etnias da Guiné-Bissau Pequena biografia da Guiné-Bissau Luta armada Os difíceis caminhos da Independência A minha máquina fotográfica Olympus Obrigado pelas tuas imagens Um ranger no momento em que apresentava o grupo ao capitão Recordando Os “milagres” do quarteleiro da minha companhia A metamorfose do vinho batizado com água
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AUTOR
JOSÉ SAÚDE nasceu em Aldeia Nova de São Bento no dia 23 de novembro de 1950, todavia, o seu registo oficial de nascimento reporta-se a 23 de janeiro de 1951. Desportivamente, iniciou a sua carreira futebolística no Despertar Sporting Clube e aos 16 anos ingressou no Sporting Clube de Portugal. Como jogador sénior representou o Desportivo de Beja, o FC Serpa e em 1974 foi um dos grandes impulsionadores do futebol de competição na Aldeia Nova de São Bento ao reativar a atividade no Clube Atlético Aldenovense. Iniciou-se no jornalismo com o jornal desportivo “O ÁS”, em Beja, sendo, a partir de 2000, seu diretor e assumindo também o comando do pelouro desportivo da Rádio Voz da Planície durante 11 anos. A nível nacional foi colaborador do jornal “A BOLA” e no JN - Jornal de Notícias na área desportiva. Em 2006 estreou-se na TV Beja (televisão por internet), sendo responsável pela área desportiva e em agosto de 2008 integrou o Departamento Desportivo do Diário do Alentejo, órgão no qual se mantém como colaborador. Em maio de 2009 foi galardoado pela Câmara Municipal de Beja com o Diploma de Medalhas e Insígnias Municipais – Mérito Grau “Prata” – e em junho de 2015 foi distinguido com o Diploma de Sócio Honorário da Associação de Futebol de Beja.
Detalhes:
Ano: 2023
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 220
Formato: 23x16
ISBN: 9789896899158
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