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Sinopse:
Este livro é o testemunho comovente e dramático de um homem de convicções coagido a viver consigo próprio numa total solidão, submetido à angústia e à incerteza desgastantes, com uma força de vontade psicológica que procurava dominar o corpo e o espírito, para guardar o equilíbrio físico e mental face ao sofrimento e à iminência da morte. Para o leitor que, como me aconteceu, provavelmente devorará de um fôlego estas páginas emocionantes, um dos momentos mais angustiantes talvez seja aquele em que, já amnistiado, foi ainda submetido – como Sísifo na sua montanha – ao suplício de interrogatórios repetitivos e cruéis, ainda que sem violência física, que não tinham qualquer justificação ou lógica que não fosse a de uma vingança mesquinha da polícia política que se sentia “ridicularizada” por ele ter escapado à sua fúria assassina durante mais de dois anos e meio.
Antes de ser um documento histórico ou um exercício literário, aliás de evidente qualidade, este livro é, entre o sensível e o inteligível, o testemunho dilacerante de um ser a lutar desesperadamente pela sua vida, sem nunca ceder à adversidade e à solidão. Afinal de contas também estamos perante um verdadeiro manual de sobrevivência.
Durante a sua leitura ocorreu-me pensar em Kafka e até no conde de Monte Cristo (mas sem um tesouro no fim, nem desejos de vingança...). A analogia talvez se justifique... [Adelino Torres (Professor Catedrático Jubilado do ISEG - UTL]
Índice:
Prefácio
Capítulo I – As Mil Solidões
Capítulo II – Factos e Fantasmas
Capítulo III – Para Memória Futura
Capítulo IV – Acasos e Consequências
Capítulo V – Quantos Recomeços tem uma Vida
Anexos (documentos e fotos)
Intervenção de Francisca Van Dunem
O AUTOR
Adolfo Maria nasceu em Luanda em 1935. Cresceu observando a violência colonial sobre o povo angolano, o que o levou, desde jovem, a lutar contra o colonialismo português. A partir de 1957, foi um dos dirigentes do Cineclube de Luanda e da Sociedade Cultural de Angola onde era membro do corpo redactorial do Jornal “Cultura”. Na luta política foi membro do segundo PCA angolano e do MLNA, tendo sido preso pela PIDE portuguesa em 1959. Foi redactor do jornal diário luandense ABC, em 1961. Partiu para o exílio em 1962 para se juntar às forças nacionalistas. Em Argel foi um dos fundadores do Centro de Estudos Angolanos, em 1964. Transferido em 1969, para a segunda Região político‐militar do MPLA, dirigiu a Rádio “Angola Combatente” e, temporariamente o Departamento de Informação e Propaganda. Em 1974 participou na criação de uma tendência do MPLA, chamada “Revolta Activa”, que reivindicava a democratização do Movimento. Cinco meses depois da proclamação da Independência de Angola, em 13 de Abril de 1976, a direcção do País decidiu prender vários membros dessa tendência, entretanto extinta. Adolfo Maria conseguiu esconder‐se e viveu cerca de três anos em clandestinidade. Após a amnistia presidencial, em Setembro de 1978, apresentou‐se e ficou em detenção. Em Janeiro de 1979 foi expulso para Portugal. Neste país, com Gentil Viana e Mário de Andrade fez parte de um Grupo de Reflexão que procurava vias para o fim da guerra civil em Angola e que fez vários contactos diplomáticos e políticos nesse sentido. Depois dos acordos de Bicesse entre o MPLA e a UNITA, voltou livremente a Angola, em fins de 1991 e Maio de 1992, acompanhando Gentil Viana na apresentação do seu plano de convivência nacional a partidos e personalidades, tendo sido recebidos pelo presidente da República. Depois do recomeço da guerra civil renunciou a qualquer iniciativa de carácter político. Todavia forneceu testemunhos e análises publicados no livro “Angola no percurso de um nacionalista – conversas com Adolfo Maria”, também para a série documental “A Guerra” da RTP e para a recolha gravada em vídeo da Associação Tchyweka sobre a luta pela independência. Tem participado em alguns colóquios com comunicações sobre África e Angola, é colaborador permanente do jornal cultural “O Chá” da Associação Chá de Kaxinde, de Luanda e faz parte do painel de comentadores do programa radiofónico “Debate Africano” da RDP África.
Detalhes:
Ano: 2016
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 232
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-386-6
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