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Sinopse:
Em 1789, a Revolução Francesa trouxe o fim dos privilégios, abrindo o corpo de oficiais a todos os cidadãos masculinos franceses. Com o tempo veio a República, acompanhada pelo Terror e pela guerra. Obrigada a combater em várias frentes, a França foi obrigada à conscrição em massa, que resultou em exércitos numerosos com a clara necessidade de oficiais e de generais que preenchessem as vagas criadas pelas necessidades da guerra e pelos nobres que fugiram ao Terror jacobino e à ameaça da guilhotina. Os marechais de Napoleão, tal como o seu imperador, aproveitaram estas circunstâncias para subir a pulso no caos revolucionário. Combateram no Reno, em Itália, nos Pirenéus e nos desertos do Egipto, acompanhando de perto as mudanças da Revolução, quer na guerra, quer na política. Foram, tal como Napoleão, filhos da revolução. ¶ Napoleão tornou-se na espada de Sieyès e ajudou na conspiração que viria a ser o golpe do 18 de Brumário. Porém, a espada reclamou o poder para si, tornando-se primeiro cônsul e depois Imperador dos Franceses. Para obter a lealdade, o coração e a alma dos soldados, Napoleão usou a Legião de Honra. Quanto aos generais? Napoleão fez deles marechais do império e os principais comandantes da Grande Armée, acompanhando-o em todas as frentes. Assumiriam outros papéis de relevo no novo regime imperial, desde membros destacados da nobreza imperial a governadores civis, trazendo consigo a administração francesa e o Código Civil, por vezes, adaptado à realidade social da região, fosse o mais liberal norte alemão, ou os ainda feudais Balcãs. Por outro lado, a ocupação também trouxe os horrores da guerra e as graves consequências do Bloqueio Continental. Entre 1804 a 1815, os marechais testemunharam um mundo em mudança e, conforme este trabalho irá mostrar, foram também participantes ativos nessas alterações, contribuindo de várias formas nas guerras napoleónicas.
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O tema, deste livro, é interessante (sendo Napoleão Bonaparte o eixo central) e indiretamente relacionado com a História Militar de Portugal. A escrita é de fácil leitura e a tese responde a questões colocadas amiúde. Tendo por base o estudo das carreiras dos diferentes Marechais do Império (antes e depois do antigo regime, posto anulado em 1793 e recriado em 1804), o autor conclui que as responsabilidades dos Marechais do Império não se circunscreveram ao comando militar em geral e ao comando dos corpos de exército em particular. Tornaram-se governadores-gerais das conquistas imperiais, administradores, conselheiros e juízes, o que os elevou ao estatuto de membros destacados da nova nobreza imperial, tão criticada no início da Revolução Francesa. Os novos Marechais (que fazem parte dos 660 nomes de destacados combatentes inscritos no Arco do Triunfo em Paris), que se tornaram legitimamente nos novos símbolos da união do mérito revolucionário eram agora importantes estandartes da nova França, pois simbolizavam a glória militar na conquista dos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade. ¶¶ [JOÃO VIEIRA BORGES, Major-General, Presidente da CPHM]
Índice:
Nota prévia
Introdução
Os marechais num mundo em mudança
PARTE I O CAMINHO PARA O MARECHALATO IMPERIAL
Capítulo 1 – O marechalato francês antes de 1804 Criação Nomeação e Critérios Cerimónia, protocolo e privilégios As funções do marechal de França: militar, administrador, conselheiro e juiz A revolução e o fim do marechalato
Capítulo 2 – Os novos generais da Revolução O fim do Antigo Regime Os novos oficiais: eleições e promoções da nova base de comando Os novos generais Os generais e a Política, entre 1789 1793: os primeiros sinais Os generais e a Política, entre 1794 1799: confirmação como actores políticos Do Consulado ao Império: generais e conspirações
Capítulo 3 – A criação do marechalato imperial A Lei do 29 do floréal do Ano XII Razões para a criação A historiografia e as razões para o marechalato imperial As razões para os nomeados Capítulo 4 – Classe de 1804: retrospectivas biográficas até ao marechalato O “Grupo Bonaparte”: Berthier, Bessières, Murat e Lannes Jacobinos e Republicanos: Bernadotte, Augereau, Jourdan e Brune Os homens do Reno: Soult, Ney, Mortier e Davout Homens à parte: Moncey e Masséna Os senadores: Kellermann, Sérurier, Lefebvre e Pérignon
PARTE II MAIS QUE SOLDADOS: NOBREZA IMPERIAL, ADMINISTRAÇÃO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Capítulo 5 – Os marechais como nobreza imperial A cerimónia A nova nobreza imperial e o lugar do marechalato As fortunas e a sua distribuição As exigências do estatuto e a influência da madame le maréchale Uniformes, protocolo e brasões Glória e morte pelo império: funeral de Lannes
Capítulo 6 – Contribuição para as Relações Internacionais 1804 1814 Período Consular (1799 1804): o passado diplomático dos marechais As contribuições em período de conflito (1804 1810) Os marechais que queriam ser reis: Bernadotte, da Suécia, e Murat, de Nápoles
Capítulo 7 – Os Marechais e a Administração do Império Governadores civis e militares Os domínios germânicos A questão polaca A quimera ibérica Os Balcãs napoleónicos Um papel secundário
PARTE III TERROR BELLI, DECUS PACIS
Capítulo 8 – Sob a liderança de Napoleão (1804-1814) Criados para o Sistema de Corpos-de-Exército A influência das Guerras da Revolução O comandante do Corpo-de-Exército Grande Armée (1805 1807) Armée d’ Espagne (1808 1809) Exército da Alemanha (Armée d’ Allemagne, 1809) Grande Armée, 1812 Grande Armée, 1813 Grand Quartier Général e o papel de Berthier Marechais como exemplo de comando de um corpo-de-exército Soult, em Austerlitz, 1805: um Corps d’Armée e dois objectivos Lannes, em Saalfeld, 1806: quando se tem o primeiro contacto Davout, em Auerstedt, 1806: explorando o potencial do corpo-de-exército Apoiando a retirada do exército: Ney e a campanha russa, 1812 Murat e o corpo de cavalaria Exemplos das responsabilidades de uma ocupação militar: Mortier e Ney
Capítulo 9 – Os marechais e o peso do comando independente Os primeiros casos: Masséna e Berthier O problema peninsular A campanha de 1813 e o Plano Trachenberg
Capítulo 10 – Os promovidos de 1807 1815: mérito, amizade e redenção Os critérios de Napoleão: o bastão na mochila Glória e redenção na vitória: Victor, Macdonald e Gouvion Saint-Cyr O substituto de Lannes: Oudinot dos Granadeiros Amizade ou mérito? Marmont e a Dalmácia Administração e as suas vitórias: Suchet em Aragão As escolhas estranhas: Poniatowski e Grouchy Os que falharam
PARTE IV O FIM DE UMA ERA
Capítulo 11 – Na abdicação, primeira Restauração e 100 dias A queda de Paris Os homens obedecerão aos seus chefes Os marechais na primeira Restauração A fuga de Elba Os 100 dias e Waterloo As consequências da traição ao rei
Capítulo 12 – Um legado de rivalidades sob o olhar de Napoleão Legado de rivalidades Napoleão e os marechais: opinião e os choques que existiram Vida depois de Napoleão: a segunda Restauração Vida depois de Napoleão: Liberalismo e o novo império
Conclusão Lista de Imagens Lista de Imagens dos Anexos Anexos
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O AUTOR:
MIGUEL PACK MARTINS nasceu em Lisboa, em 1984. É investigador – colaborador no Grupo de Investigação de História Militar do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Neste momento, trabalha como Gestor de Impacto Científico, no Departamento de Impacto do Gabinete de Inovação, Investigação e Estratégia de Impacto (IRIS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa. Iniciou o seu percurso académico em Arqueologia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mais tarde, na mesma faculdade, fez o mestrado em História Militar e o doutoramento em História Contemporânea. Teve uma breve passagem pela Biblioteca do Exército, onde colaborou no estudo do acervo napoleónico. Desde 2017 fez várias conferências e artigos sobre as Guerras Napoleónicas, Napoleão e a Guerra Peninsular.
Detalhes:
Ano: 2023
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 344
Formato: 23x16
ISBN: 9789895662500
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