Recomendar livro a um amigo
|
Sinopse:
Os homens e mulheres que ousavam ler livros e os que se atreviam a ouvir ler, mal tendo quase todos aprendido as primeiras letras, estavam, sem saber, conquistando impossíveis e construindo a utopia, pois é próprio das utopias procurar e ir procurando sempre, vendo mais longe e fazendo avançar o mundo, mesmo que se pressinta que a procura não vai ter fim. ¶ É um modo de resistir, a recusa de baixar a cabeça, de encolher os ombros e de rastejar, sabendo que este não pode ser o destino de quem é gente. ¶ Não aceitar, questionar, desobedecer a mandos injustos, está simbolizado neste livro de Francisco Cantanhede pela audácia de ler, ver mais do que os olhos alcançam, em tempo de obscuridade, hipocrisia e miséria, como foi o da ditadura de Salazar e Marcelo Caetano. [Aurora Rodrigues]. ******************************************************** Quando nada havia para meter na panela de barro, anichada ao canto da chaminé debaixo da trempe de ferro, Maria, protegida pelo lusco-fusco, conseguia ludibriar a patrulha da G.N.R. que, a cavalo, se escondia junto das veredas por onde circulavam vultos de regresso a casa e, tateando com as duas mãos no chão, apanhar algumas boletas, alimentação reservada a porcos, proibida à boca de farrapos humanos. Cozinhava-as com folhas de funcho ou erva-doce para enganar a fome impiedosa que exigia ser contentada. ¶ Se a ladra fosse apanhada, seguiria com o produto do roubo à cabeça, entre as duas bestas, até à sede do latifúndio. Na presença do dono daquilo tudo, provocada, humilhada, pediria mil perdões pelo crime cometido, juraria mil vezes não voltar a apanhar o fruto proibido a que só os suínos tinham direito. Maria deveria saber que a natureza criou a boleta para os porcos e os porcos nasceram para a boleta...
Índice:
Agradecimentos
Prefácio
Porque escrevi este livro
As contradições do «Estado Novo» Para Salazar, o velho era novo e o novo era velho «A moral e os bons costumes», pregados, mas não praticados Tanto não que é sim; tanto sim que é não Não à guerra, sim à guerra Quem nada tem, nada pode poupar Um predestinado sem coração Um «santo» que deixou morrer «anjinhos» Amar a terra, abandonar os sem-terra A queda do «santo» O latifúndio da Quinta da Torre O Monte do Outeiro Viver da terra, só da terra Correr, correr… para nada ter À espera da ceia, à espera do pai Tempos de guerras, tempos de fome O leitor clandestino Quinta da Torre, o mundo conhecido Casamento no mato Manuel chega a casa A Casa Cunhal Maria fica prenhe Quem canta, seu mal espanta O parto Os primeiros anos de vida do Zé Emigrar a salto De burra para o hospital Adeus pai; adeus mãe Medo e coragem O general sem medo, a rádio e a televisão Uma derrota que se tornou uma vitória Ares de liberdade A escola do «Estado Novo» Lino vai à escola As férias do estudante Histórias de encantar e de comover O Zé vai à escola Oração e esmola Medo da Igreja Os divertimentos A prostituição A homossexualidade As professoras Jacinta e Anica A Grande Guerra O porqueiro que foi soldado na Grande Guerra Os diabos internos do porqueiro A mulher no «Estado Novo» A galdéria, a tronga O pequeno pastor Adeus, mãe!
Glossário Bibliografia
*****
AUTOR
FRANCISCO CANTANHEDE é licenciado em Ciências Históricas. Foi professor de História (3.º ciclo) e de História e Geografia de Portugal (2.º ciclo) durante mais de 25 anos, encontrando-se na situação de aposentado. Autor de manuais escolares de HGP e História, há mais de 20 anos. Formador de professores no âmbito da didática da História. Tem participado com comunicações em escolas básicas e secundárias, nomeadamente, sobre o «Estado Novo» e o 25 de Abril de 1974, e em colóquios sobre educação. Colabora com o Jornal o Setubalense – Diário Região com artigos de opinião.
Detalhes:
Ano: 2022
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 238
Formato: 23x16
ISBN: 9789896899202
|