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Sinopse:
No 40.º aniversário da epidemia por VIH/ /SIDA e com a pandemia por COVID-19 com actividade mais reduzida, mas ainda incerta, também posso dizer, como Donald Kotler, gastroenterologista de Nova Iorque: “talvez, apenas tive o azar de ter que encarar os portões do inferno duas vezes na carreira”. ¶ Não hão-de deixar de se acumular análises e testemunhos sobre a actual pandemia por COVID-19, a qual, infelizmente, polarizada pela rivalidade geopolítica, desencadeou um impacto brutal na economia e uma disrupção sem paralelo nas estruturas de saúde. ¶ A epidemia por VIH/SIDA, da qual fomos testemunhas, ocorreu igualmente à escala planetária – atingiu 60 milhões de indivíduos, desde o seu início, e, até ao final de 2019, já tirou a vida a mais de 32 milhões de pessoas, em todo o mundo – mas teve características muito diferentes. Na 1.ª década, foi devastadora. Suscitou muitos medos e teve muitos culpados estapafúrdios. Na sua maioria, foram doentes mais jovens os mais atingidos.
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Os primeiros anos da epidemia por VIH/SIDA e os que se seguiram foram de intenso envolvimento com doentes portadores duma doença completamente nova, da qual fomos testemunhas e com a qual tivemos de aprender e de crescer. Quando olho para trás e revisito os anos amargos da primeira década, sinto que, apesar dos medos, fomos fiéis ao juramento de Hipócrates, procurando acolher e tratar os doentes com a preocupação prioritária de evitar a sua discriminação. Contrariámos muitos sentimentos de hostilidade contra os doentes, elegendo como alvo, desde muito cedo, os comportamentos de risco e abolindo o estigma de grupos de risco. ¶ A primeira década foi muito dura. Os nossos doentes eram um “gueto”, as opções terapêuticas escassas ou nenhumas. (…) Não tínhamos acesso a material descartável, e as seringas e as agulhas que utilizávamos eram esterilizadas em panelas de água a ferver, aquecidas por bico de Bunsen”. (…) Éramos apenas médicos em graus diferentes da carreira. (…) Diariamente, havia muita urticária para com os comportamentos de risco! Mas havia também perseverança e humanismo.
Índice:
Introdução
1. Os primeiros doentes. “Um receio irracional. Era uma pena ver doentes tão jovens condenados a morrer”
2. Do primeiro doente directamente a cargo, à evocação plausível do primeiro doente com SIDA, no Hospital de Curry Cabral, em 1979
3. O incendiário
4. Onde se fala do Carnegie Hall
5. A tragédia chega aos doentes hemofílicos
6. Infecção por VIH2. Um doente singular
7. O tecto da enfermaria caiu em cima do primeiro doente com Bartonella quintana
8. Uma infecção oportunista com recidivas frequentes
9. Imagens que perduram
10. Infecção aguda pelo VIH, sem comportamento de alto risco?
11. Sobreviver à Toxoplasmose cerebral e quase morrer do seu tratamento
12. O 1.º Congresso Nacional da SIDA, em 1993
13. Não houve acampamento cigano à porta do Pavilhão F
14. Mãe seropositiva dá à luz bebé seronegativo
15. Quando a terapêutica desfigura o doente
16. Biópsia renal e infecção por VIH: vencida mais uma barreira
17. O lado escuro do sucesso da terapêutica antirretrovírica
18. A terceira epidemia: o primeiro caso de tuberculose multirresistente
19. Tuberculose tête-à-tête
20. Tuberculose extensivamente resistente. A adesão heróica chegou tarde
21. Quando a suspeita de gravidez leva à tuberculose pélvica
22. Falar da infecção por Mycobacterium avium-intracellulare, mas também do Cardeal José Policarpo e de uma senhora muito especial
23. “Pensar VIH”, em múltiplos cenários
24. CMV: o vírus da cegueira
25. Só a biópsia hepática pós-mortem estabeleceu o diagnóstico.
26. Da antiguidade aos nossos dias: o primeiro caso de co-infecção por VIH/Lepra
27. Infecção por VIH: do crepúsculo à transplantação hepática, quase 25 anos depois
28. O erro aconteceu
29. O vírus JC que não dá tréguas
30. Alguém que nos exigia mais do que estávamos dispostos a dar
31. O primeiro caso de linfogranuloma venéreo ano-rectal, em Portugal
Comentário final
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AUTOR:
JOÃO MACHADO – transmontano, nasceu nas Minas de Jales, concelho de Vila Pouca de Aguiar, numa família de 8 irmãos. Concluiu a licenciatura em Medicina em 1981, ano da eclosão da infeção por VIH/ /SIDA. Foi chefe de serviço de Medicina interna e graduado de Doenças Infecciosas no Hospital de Curry Cabral, onde trabalhou de 1982 a 2017, tendo também sido Director de Serviço de Urgência (2003-2006), Director Clínico (2010-2011) e consultor na Transplantação Hepática (2012-2017). Está desde 2017 no Hospital Fernando Fonseca, actualmente na Direcção do Serviço de Urgência. Tem 3 filhos.
Detalhes:
Ano: 2021
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 152
Formato: 21x15
ISBN: 9789895661275
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