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Sinopse:
Neste livro, o autor explica como foi que os navegadores portugueses chegaram às ilhas de São Tomé e Príncipe no terceiro quartel do século XV e transformaram-nas num contexto social para o seu desenvolvimento, mas em que as relações humanas e institucionais foram complexas e até insuportáveis para os mais desfavorecidos, particularmente na ilha de São Tomé. Houve conflitos de toda a ordem que se agravaram particularmente depois da transição da sociedade de habitação para a de plantação, com a intensificação de atividades do tráfico negreiro e da produção e exportação do açúcar. A longa distância das ilhas do poder central, localizado em Lisboa, constituiu um ingrediente que favoreceu o fomento dos conflitos em que o desrespeito às regras estabelecidas foi permanente e se manteve durante o período da dominação da elite nativa desde o século XVII, marcado em torno das principais famílias que disputavam o acesso ao poder e o controlo da riqueza. O autor mostra que, apesar da sua dureza, o modelo escravocrata colonial tinha dinâmicas de mobilidade social que permitiram que alguns escravizados se tornassem livres e outros chegaram a ser poderosos em termos económicos e políticos, ainda no decorrer do século XVI, vindo a ser dominantes até meados do século XIX.
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Este livro explica a história de São Tomé e Príncipe desde a sua descoberta até meados do século XIX, incidindo, particularmente, sobre a formação da sociedade originária (colonial) e o seu funcionamento à formação da sociedade forra e das suas cultura e línguas, à dominação da Câmara pela elite nativa e o funcionamento da sociedade crioula africanizada a partir do século XVII. Faz o enfoque sobre o papel da ilha de São Tomé no tráfico negreiro atlântico e transatlântico, a crise económica já em finais do século XVI e o abandono dos europeus e seus filhos mestiços fazendeiros para o Brasil, os conflitos internos de toda ordem, particularmente, os de índole racial entre brancos e mestiços pelos direitos iguais e acesso ao poder, revoltas de negros e mestiços, invasões estrangeiras e a relação entre iniciativas para a abolição do tráfico negreiro e a economia das ilhas. O livro desconstrói os mitos sobre o naufrágio e Amador rei dos «angolares» e apresenta crioulos da resistência ao regime escravocrata colonial. Foi escrito, sobretudo, para aqueles que precisam conhecer a história de São Tomé e Príncipe: os alunos, em particular.
Índice:
Introdução
Capítulo 1 – Antecedentes à formação da sociedade são-tomense 1. Viagens de navegação e a chegada às ilhas de São Tomé e Príncipe 1.1. Razão da navegação e a opção por São Tomé 1.2. Embarcação utilizada na expedição 1.3. A chegada às ilhas de São Tomé e Príncipe
2. O povoamento 2.1. Primeira tentativa 2.2. Segunda tentativa 2.3. Terceira tentativa – Álvaro de Caminha 2.4. Povoamento com crianças judias: a discussão do seu número 2.5. Condições de viagens nos navios
3. Lugares de fixação
4. A doação da ilha de São Tomé à família Mello – 1499-1522
Capítulo 2 – A estruturação da sociedade são-tomense 2.1. Fundação da sociedade originária e os grupos étnicos 2.1.1. Os degredados 2.1.2. Os judeus 2.1.3. A população negra – os escravizados 2.1.4. Os primeiros mestiços 2.2. Mestiços: de escravos a homens livres 2.3. O elemento forro 2.4. Os escravos fujões 2.5. O elemento angolar de São Tomé: opiniões cruzadas sobre a sua origem 2.5.1. A narrativa do naufrágio 2.5.2. A origem da designação Angolares 2.6. O modo de vida na sociedade originária 2.6.1. Condição de vida dos escravizados 2.6.2. A condição sanitária: a “carneirada” 2.7. A flora e a fauna encontradas e espécies introduzidas 2.7.1. A flora e fauna 2.8. Estruturação da cidade de São Tomé entre os finais do século XV e o século XVI e a cidade de Santo António
Capítulo 3 – O funcionamento do modelo escravocrata 3.1. Dos escravos domésticos aos escravos marítimos 3.2. Mestiços com os mesmos direitos que os brancos a partir de 1546 3.3. Luta dos negros livres pela integração social 3.4. Comportamento de mestiços em relação aos seus escravizados 3.5. O declínio do modelo escravocrata colonial e a emergência de uma sociedade forra 3.6. A formação da sociedade crioula e das suas cultura e línguas
Capítulo 4 – As ilhas de São Tomé e Príncipe e o tráfico negreiro 4.1. A escravatura 4.1.1. Dificuldades no negócio de tráfico de africanos 4.1.2. Dificuldades nas relações com o rei do Congo 4.1.3. Escravizados em São Tomé: uma aproximação da sua quantificação 4.2. O interesse português por escravizados
Capítulo 5 – A decadência económica, a instabilidade social e o abandono 5.1. O declínio da economia do açúcar 5.2. Conflitos internos 5.3. Invasões estrangeiras 5.4. O abandono
Capítulo 6 – Das tentativas de reabilitação económica, as formas de administração do território a iniciativas do abolicionismo 6.1. Tentativas de reabilitação económica: a opção pela ilha do Príncipe 6.2. Formas de administração do arquipélago 6.3. Iniciativas para a abolição do tráfico negreiro e a situação económica das ilhas
Capítulo 7 – Líderes da ilha de São Tomé dos séculos XVI e XVII 7.1. Introdução 7.2. Brás Gil 7.3. Yon Gato 7.4. Amador 7.4.1. A grandeza de Amador 7.4.2. Conflitos internos e a revolta de Amador 7.4.3. Origem de Amador 7.4.4. Estatuto de Amador 7.4.5. Amador: herói ou mártir? 7.4.6. Dia 4 de janeiro: a invenção de um feriado nacional 7.5. Manuel do Rosário Pinto
Conclusão
Referências bibliográficas
Apêndice
Governantes da ilha de São Tomé
Governantes da ilha do Príncipe
Mapas e gravura
Estrutura hierárquica de Autoridade Política no arquipélago nos séculos XVI-XVIII
Glossário
Lista de abreviaturas
Índice remissivo
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ARMINDO DE CEITA DO ESPÍRITO SANTO nasceu na ilha de São Tomé, em outubro de 1954. É licenciado e mestre em Economia pelo ISEG/UL e doutorado em Economia pelo ISCTE-IUL. É professor coordenador do Ipluso da ULHT e investigador do CEsA-ISEG/UL. Foi professor associado convidado da Universidade Moderna entre 1992 e 1996, professor do Instituto Superior de Hotelaria e Turismo (ISMAG/ ISHT da ULHT) entre 1996 e 2000 e professor da ULHT entre 1996 e 2002 e 2004 a 2007. Exerceu funções e cargos dirigentes no ensino secundário público até 1989. Foi diretor-geral dos impostos em Timor-Leste e consultor fiscal na missão UNMISET das Nações Unidas entre 2002 e 2004. Foi Presidente do Conselho de Administração do Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTP) no triénio de 2016-2019. É funcionário da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) desde 1989 e, presentemente, assessor da Direção de Serviço de Formação da AT. É autor de livros e artigos sobre São Tomé e Príncipe e Cabo-Verde.
Detalhes:
Ano: 2021
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 280
Formato: 23x16
ISBN: 9789895661091
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