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Sinopse:
Este estudo trata da arquitectura dos recintos megalíticos e menires associados, na parte ocidental do Alentejo Central. Com base nos dados arqueológicos disponíveis, é analisada a organização espacial dos monumentos e o modo em que aqueles se relacionam com a paisagem e o tempo cíclico, estabelecendo ligações visuais com elementos distintivos do relevo e alinhamentos para o nascente ou poente do Sol e da Lua, em momentos conspícuos dos respectivos ciclos. As evidências sugerem uma ideologia, expressa na arquitectura megalítica, que relaciona o espaço e o tempo de forma característica, com semelhanças, em diversos aspectos, com o que se verifica em outros monumentos pré-históricos da Europa atlântica. Tendo em conta os estudos recentes que propõem uma cronologia do Neolítico antigo/médio para os recintos megalíticos e a maior parte dos menires de Évora, Montemor-o-Novo, Mora e Reguengos de Monsaraz, estes dados são considerados no contexto mais vasto da transição entre o Mesolítico e o Neolítico, no centro e sul de Portugal, como manifestações de um processo que, supostamente, terá implicado transformações no simbolismo e nos preceitos de organização espacial das comunidades que o viveram.
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Na transição do século, apesar do crescente e por vezes avassalador interesse turístico gerado pelos Almendres, degradando as acessibilidades e ameaçando a própria salvaguarda do sítio arqueológico, a acção pública de conservação estava praticamente reduzida a zero, sujeita à lógica de fazer depender a sua “futura” valorização, dos grandes investimentos turísticos privados anunciados para a Herdade mas, felizmente, nunca concretizados. Contrastando com a ausência de intervenção pública, o interesse científico pelo megalitismo alentejano e pelos menires em particular, não esmoreceu entre os antropólogos. Neste domínio, (…), destacou-se o GEMA (Grupo de Estudo do Megalitismo Alentejano) dinamizado, entre outros, por Manuel Calado (responsável pela identificação e estudo do Cromeleque de Vale Maria do Meio) e Pedro Alvim, o malogrado autor da tese de mestrado sobre os Almendres que agora, finalmente, é publicada. Arquitecto de formação, o interesse de Pedro Alvim orientara-se preferencialmente para o entendimento da organização espacial dos recintos megalíticos, na sua óbvia relação com as paisagens envolventes. Nesta perspectiva, o Cromeleque dos Almendres, por todos os motivos, assumiria um papel central na sua investigação, razão mais do que suficiente para que a Freguesia de Guadalupe se interessasse pelo seu trabalho que parecia vir ao encontro de tempos, aparentemente, mais favoráveis para o Cromeleque. (…). Naquele contexto, o desenvolvimento de novas investigações nos Almendres por Pedro Alvim, no âmbito da preparação de tese de doutoramento na Universidade de Durhan, perspectivava novos e indispensáveis dados científicos para enquadramento dos anunciados projectos de conservação e valorização. Infelizmente, o desaparecimento daquele investigador em Maio de 2015, de doença súbita e fulminante, privou-nos do seu inestimável contributo. Data de então, em reconhecimento do papel de Pedro Alvim (1970-2015) para o conhecimento e valorização contextual do Cromeleque dos Almendres, a intenção da União de Freguesias de N.ª Sr.ª da Tourega e N.ª Sr.ª de Guadalupe, de promover a edição da tese de Mestrado, defendida em 2009, na Universidade de Évora. ¶¶ [ANTÓNIO CARLOS SILVA – arqueólogo, presidente da Assembleia da União de Freguesias da Tourega e Guadalupe]
Índice:
Agradecimentos
Resumo/Abstract
[1.] Introdução [2.] História da investigação [2.1] Investigação arqueológica dos menires do Alentejo Central [2.2] Interpretações [2.3] Arqueoastronomia [2.3.1] Arqueoastronomia britânica, breve sinopse [2.3.2] Arqueoastronomia dos monumentos pré-históricos alentejanos
[3.] O espaço e o tempo [3.1] Ambiente geográfico [3.1.1] Alentejo Central [3.1.2] Serra de Monfurado [3.1.3] Mora – Pavia [3.2] Enquadramento arqueológico [3.2.1] Cronologia dos menires no Alentejo [3.2.2] Os monumentos [3.2.3] Evidências anteriores
[4.] Dois recintos megalíticos: Almendres e Fontaínhas [4.1] Os Almendres [4.1.1] Descobertas e investigação [4.1.2] Os menires reerguidos pelo proprietário [4.1.3] Arquitectura [4.1.4] Envolvente paisagística [4.2] As Fontaínhas [4.2.1] Descoberta e investigação [4.2.2] A arquitectura e a envolvente paisagística
[5.] Metodologia e perspectivas teóricas [5.1] Astronomia de posição [5.1.1] O Sol [5.1.2] A Lua [5.1.3] A Lua de Primavera e o «equinócio megalítico» [5.2] Declinações, Azimutes e Elevações [5.3] Metodologia [5.3.1] Topografia [5.3.2] Gravuras [5.4] A perspectiva teórica [5.4.1] Espaço, tempo, percepção e lugar [5.4.2] Corpo e lugar [5.4.3] As montanhas [5.4.4] O tempo e a atmosfera [5.4.5] O céu e a terra
[6.] Topologias [6.1] Almendres [6.1.1] Uma estação de observação no recinto dos Almendres [6.1.2] Envolvente visual do recinto [6.2] Fontaínhas [6.3] Os recintos da serra de Monfurado e o «meio-mundo» [6.3.1] Topologias, vistas, visibilidades [6.4] Significados, significantes e referentes: monumentos, montes e linhas visuais
[7.] Recintos, menires e arquitectura: entre o Mesolítico e o Neolítico, entre a terra e o céu
[8.] Bibliografia
[9.] Índice de pranchas
[10.] Anexos
Detalhes:
Ano: 2021
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 130
Formato: 29,7x21
ISBN: 9789895660148
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