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Colaboração com a entidade: Universidade de Macau
Sinopse:
É muito conhecida a afirmação do escritor queniano Ngugi Wa Thiong’o, em Writers in Politics (de 1981, mas em contínuas edições revistas) segundo a qual fala sobre o passado porque está sobretudo interessado no presente. Porém, Ngugi acrescenta a seguir que não se deve ficar “fascinado” com o passado (na verdade, o que ele refere são as “ruínas do passado”) a ponto de esquecer o presente… ¶ O Presente é, pois, o que nos impele a estudar o Passado, levando-nos a investigar a percepção dos atores (e autores) sobre a sua própria época, pois essa percepção ajuda-nos a entender a sua visão do Presente, sobretudo tendo em conta que muitos dos autores ainda são activos agentes sociais. É neste contexto que este conjunto de ensaios considera textos memorialistas (biografias, autobiografias, testemunhos, depoimentos, entrevistas, cartas) nos Cinco países africanos de língua oficial portuguesa que têm sido publicados e, a partir deles, busca engendrar o conhecimento do processo histórico em que participaram esses atores, não desconsiderando as suas funções primordiais no registo histórico, ontem e hoje, com vista ao processo da “construção da nação”, nas suas diferentes modalidades discursivas. ¶ Através dessas narrativas memorialistas, enquanto arquivos historiográficos que constituem o legado de memórias a serem tomados em consideração na elaboração historiográfica, os treze ensaios deste conjunto buscam perceber a dinâmica da história contemporânea. Trata-se de uma investigação que vem sendo realizada no âmbito do projeto Discursos Memorialistas e a Construção da História, a ser desenvolvido no Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CEC) e que se insere no grupo CITCOM – Cidadania, Cosmopolitanismo Crítico e Modernidade(s), (Pós-)Colonialismo. ¶¶ [Inocência Mata]
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O regular e sistemático surgimento de alguns textos memorialistas de atores sociais (biografias, autobiografias, testemunhos, depoimentos, entrevistas, cartas), a partir da 2ª. metade dos anos 90 do século passado e sobretudo nos anos 2000, quando se pensaria estarem solapados os parâmetros de uma confrontação discursiva entre a linguagem colonial e a anticolonial, ao mesmo tempo que tem possibilitado uma articulação com o discurso historiográfico, vem fornecendo matéria para o agenciamento psico-social e histórico de cada espaço nacional em sintonia com a dinâmica da história contemporânea. Por outro lado, ao analisar esses textos, entra-se num corpus que permite ver até que ponto a fronteira ocidental entre fala e escrita se torna, nesses textos-relatos, muito fluída pelas ostensivas manifestações específicas do universo da oralidade, podendo afirmar-se, com temerária ousadia, que este parâmetro tem de ser considerado na constituição da memória histórica e da construção da africanidade enquanto discurso de identidade.
Índice:
INTRODUÇÃO Inocência Mata
PARTE I De Narrativas Memorialistas enquanto Arquivos Historiográficos
História, Biografia e Ficção: o significado das autobiografias Lourenço do Rosário
Carmen Maria de Araújo Pereira – Combatente da Liberdade da Pátria: – uma mulher de várias frentes de luta Maria Odete da Costa Soares Semedo
Autodeterminação em Moçambique: Joana Semião, entre a história oficial e as memórias de luta Maria Paula Meneses
Registros de uma guerra muito particular: diário e cartas de Deolinda Rodrigues Maria Nazareth Soares Fonseca
A Construção da memória a partir dos testemunhos de mulheres ex-combatentes em Angola: uma memória de ressentimentos Margarida Paredes
O “arquivo autobiográfico” almicariano: as cartas de Amílcar Cabral a Maria Helena como testemunho de uma época Inocência Mata
Mozambican writing of the self: a study of political autobiographies in the masculine Vicky Hartnack
Memória e (re)construção histórica: a escrita do cárcere e os comprometimentos da memória em Luandino Vieira e Uanhenga Xitu Márcio Santos Sales
PARTE II De Legados de Memórias
A escrita na Corte dos Ngola: O legado Missionário ao tempo de Njinga a Mbande no Século XVII Rosa Cruz e Silva
Memória africana e falsificação do passado na literatura sobre o genocídio do Baruè João-Manuel Neves
Estruturas de sentimento e formação da sociedade moçambicana: Literatura, pensamento social e movimentos de mulheres Eliane Veras Soares
Nem sempre o Mar nos separa: Pan-Africanismo e Negritude de Harlem a Lisboa Deolinda M. Adão
A África e os africanos: os caminhos da identidade brasileira Valdemir D. Zamparoni
Detalhes:
Ano: 2018
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 284
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-733-8
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