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Sinopse:
Através deste livro, aprendi muita coisa que não sabia e que já deveria saber sobre esta aldeia onde, afinal de contas, vivo o melhor dos meus dias, vai já para quinze anos. Em algumas das descrições que faz, como a da escola primária, revivi coisas da minha própria infância, numa outra escola primária de uma outra aldeia, mas muito mais a norte, no Marão. De facto, como ela diz, “o ser humano, por mais voltas que dê, não esquece nunca o lugar onde nasceu”. (…). ¶ Ela não esqueceu: regressou, e aqui, neste livro, presta homenagem a esse lugar e ajusta contas com o seu passado e a sua aldeia. Honrados sejam os filhos que não esquecem nunca o caminho de regresso a casa! ¶ Porém, eu não sou daqui. Sou convidado – neste livro e nesta terra. Às vezes, quando me sento no café à conversa com os velhotes, quando os oiço falar da vida no campo, das sementeiras e das colheitas, dos ciclos da natureza que regiam toda a sua vida, tenho um sentimento misto de fascínio e de estranheza. E é quase com vergonha que constato que o meu tão viajado e vasto mundo não é nada ao pé da serena sabedoria de quem atravessou toda uma vida apenas vendo crescer as árvores e sucederem-se as estações. E em vão sento-me em frente à lareira da minha casa, vendo arder longamente um tronco de azinho, como se isso me pudesse ensinar tudo o que não sei, tudo o que ainda não entendo, tudo o que não vivi aqui. (…) ¶ [Miguel Sousa Tavares (do Prefácio)] ********************************************************* A vila continua a ser uma rua, como escreveu Namora. Só que agora, essa rua, já não me parece tão grande como quando usava um bibe branco, com folhos no peitilho e barra bordada pela mão de minha mãe. ¶ As casas são as mesmas, com as suas monumentais chaminés. Os beirados ainda bordam o limite entre o branco das paredes e o vermelho acastanhado das telhas. Ao entardecer, a luz da cal continua a revelar tons dourados que inundam o casario quando os poentes descem no horizonte. ¶ (…) ¶ A praça é a nossa sala de visitas e espelha a beleza da nossa terra. Tudo nela é harmonioso, apesar da singeleza. A alvura das paredes, a traça acolhedora das casas, a limpeza da calçada, tudo nos convida a saborear um espaço de tranquilidade e paz. Nesta praça temos o edifício da Junta de Freguesia com o seu brasão que nos recorda tempos remotos em que o morgadio da vila foi doado várias vezes pela Coroa a grandes senhores do Reino. ¶ Além disto, há também o coreto, em volta do qual, em noites de festa do Santíssimo Sacramento, lá pelos fins do Verão, depois das colheitas, no arraial ainda hoje se pode dançar ou assistir ao encanto do fogo-de-artifício, comprar rifas na quermesse ou afogar alguma mágoa num copo de vinho ou cerveja. ¶ (…) [Custódia Casanova]
Índice:
Nota à 2.ª Edição
Morrer em Pavia Prefácio de Miguel Sousa Tavares
Introdução
Alguns Apontamentos
PARTE I Eu tinha um bibe bordado pela mão de minha mãe O chão da casa era de terra batida Condição humana O nascimento da minha tia mais nova A escola da minha infância O primeiro dia no Liceu Nacional de Évora O almoço na cantina e a igualdade de oportunidades Os livros que eu não tinha Os filmes que vi através das palavras de Joaninha A escola era uma alegria e pertencia-nos Campanha de alfabetização – aldeia de Valverde, 1974 Balada para o meu amigo ferido nos campos de Tete
ILUSTRAÇÕES
PARTE II Na praça dona Margarida distribui poemas Rosa e o mar O Homem que nunca viveu Carta para Mestre David O pastor que queria ouvir música
PARTE III Aprendizagem ao Longo da Vida Ninguém chora pelo que não lhe pertence Qual é o teu nome? Ser voluntária em Évora – ano de 2001 O livro que Nugzary me ofereceu Moscovo e as vassouras de pastinho Pavia – Dakar Tece o Sol rendas de luz Intervenção na Assembleia Municipal de Mora em 25 de Abril de 2011
Bibliografia
A AUTORA:
Custódia Casanova nasceu em Pavia em Setembro de 1955. É professora do 1.º ciclo do ensino básico, pela Escola do Magistério Primário de Évora, especializada em Deficiência Mental e Motora pelo Instituto António Aurélio da Costa Ferreira de Lisboa, com Diploma de Estudos Superiores Especializados em Educação Especial pela Escola Superior de Educação de Lisboa. Mestre em Psicologia Educacional, pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa (em associação com a Universidade de Provence) e Mestre em Língua e Cultura Portuguesa, com especialização em Ensino do Português como Língua Estrangeira/Língua Segunda, pela Universidade de Lisboa. Trabalhou a maior parte da sua vida com crianças e jovens com necessidades educativas especiais e como voluntária envolveu-se em vários projectos ligados ao apoio a cidadãos deficientes, à alfabetização de portugueses iletrados, ao ensino da língua portuguesa a imigrantes e recentemente a refugiados.
Detalhes:
Ano: 2017
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 164
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-547-1
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