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Sinopse:
O presente número da revista Nova Síntese é dedicado às relações do neorrealismo com as artes visuais. O tema impõe-se, desde logo, pela natureza específica de uma ligação profícua e complexa (contrariando assim algumas ideias comuns que proliferam ainda na história da arte do nosso país) e que motivou o empenho de muitos dos melhores artistas da terceira geração modernista portuguesa, com expressão desde meados dos anos 40 até ao final da década seguinte. Apesar de a produção de obras de arte inspiradas por alguns princípios estéticos e éticos identificados com o movimento neorrealista ter dominado sobretudo a arte moderna portuguesa no período do imediato pós-guerra, uma poética sensível aos temas sociais, com sentido mais ou menos crítico e reivindicativo, fez o seu caminho ao longo dos anos 50 até se associar, lentamente, a uma opção mais individual de observação e prática em torno de uma nova figuração inspirada já por outras coordenadas, como podemos ler na interpretação proposta por Fernando Rosa Dias, no primeiro e mais extenso ensaio desta edição. Diríamos que, durante pouco mais de quinze anos, o neorrealismo esteve presente no percurso, no imaginário e nos desenvolvimentos da arte portuguesa de um modo que merece não apenas ser reconhecido como reinterpretado, sob a ótica de novas linhas de investigação que contribuam finalmente para desfazer mitos e ideias pouco produtivas sobre a sua importância no panorama artístico do século XX português. Essa mesma ideia havia já presidido ao conjunto de ensaios sobre artes plásticas, fotografia e cinema que fora publicado pelo Museu do Neo-Realismo em 2007, aquando da apresentação do livro-catálogo da exposição permanente do museu vila-franquense, intitulada Batalha pelo Conteúdo – Movimento Neo-Realista Português. Passada uma década sobre esse primeiro balanço, julgámos ser oportuno lançar de novo o desafio a alguns investigadores portugueses para sobre esta matéria se pronunciarem ou promoverem a publicação de alguns contributos entretanto confirmados. ¶¶ Nessa medida, este número da Nova Síntese apresenta nove ensaios que investem noutras leituras sobre alguns aspetos artísticos centrados ou tangenciais ao neorrealismo e que, estamos certos, contribuirão de modo decisivo e influente para uma nova luz sobre o tema. (…)¶ [Da Apresentação, David Santos]
Índice:
1. Neo-Realismo e Artes Visuais Apresentação David Santos
O Neo-realismo nas artes plásticas: encruzilhadas para uma caracterização Fernando Rosa Dias
Escultura neo-realista em Portugal: alguns apontamentos e a síntese possível Eduardo Duarte
Mário Dionísio e o(s) neo-realismo(s) Paula Ribeiro Lobo
Na casa da pintura José Luís Porfírio
Rogério Ribeiro e Melpómene: a tragédia como consciência e resistência Emília Ferreira
Luís Dourdil e os caminhos do (neo)realismo David Santos
Da representação social em arte ao empenhamento político-artístico: Imagens d’ O Diabo Luísa Duarte Santos
Da reprodução da obra à descoberta do fragmento: que “aura” se recupera de uma pintura fragmentada? Contributos para a (re)valorização de uma pintura neo-realista Paula Loura Batista
Portinari – Três Momentos Elza Ajzenberg Edusp – Editora da Universidade de São Paulo, 2012 Maria de Lourdes Riobom
2. Texto anexo Manuel Filipe: o neo-realismo e a repressão Arsénio Mota
3. No centenário do nascimento de Garcez da Silva (2015) Garcez da Silva e a poesia neo-realista Manuel G. Simões
Garcez da Silva, contista, viajante e cronista de arte José Manuel de Vasconcelos
4. Textos apresentados em sessões organizadas pela Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo Álvaro Guerra, às voltas com a história António Mega Ferreira
“O homem dos balões”: Arsénio Mota e a literatura para crianças e jovens Violante F. Magalhães
5. Relatório de Actividades da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo em 2015 Relatório de Actividades da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo em 2015
Detalhes:
Ano: 2016
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 248
Formato: 23x16
ISBN: EAN: 977164659890910
ISSN: 1646-5989
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