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Sinopse:
O escritor norte-americano Stephen King, especialista nos géneros do suspense e do terror, argumenta que o conto é uma “arte perdida”. Com estas palavras cruéis, mas certas, releva que o mercado editorial se encontra saturado de romances, uma forma de narrativa dileta de leitores e críticos. Existe, pois, uma pressão de ordem comercial para que até homens e mulheres de letras consagrados abandonem o conto e produzam aquele tipo de texto, tido como mais prestigiante. Mesmo nos Estados Unidos da América, onde a história breve detém uma longa tradição, que se estende desde os esforços embrionários de Washington Irving a Joyce Carol Oates, passando, pelo incontornável Edgar Allan Poe, definham as revistas e antologias dedicadas à arte da narrativa breve. ¶ No entanto, como professor ligado à literatura e à escrita criativa, sempre aconselhei os aprendizes a praticarem a técnica precisamente através da elaboração de contos, por três razões. Em primeiro lugar, um texto breve requer um investir de esforço e tempo menor do que um romance, que pode ocupar anos de trabalho criativo e, apesar disso, constituir um falhanço. A propósito, Lorrie Moore resumiu: “Um conto é um caso amoroso, um romance constitui um casamento”. Em segundo, porque, contrariamente ao que demasiados críticos julgam, uma história breve exige o mesmo talento de um romance, na pesquisa do tema, construção de personagens, urdir do enredo, descrição de espaços e atmosferas, manipulação cronológica, etc. Mais ainda, um conto, pela sua concisão, leva o autor a ponderar o que deve incluir ou rejeitar, treinando, deste modo, a sua capacidade de escolha. Por fim, como é evidente, torna-se mais fácil publicar um conto num jornal, revista ou coletânea, do que um romance numa editora. ¶ É neste espírito de abertura a novos valores, ocasionalmente apadrinhados por gente das letras mais experiente, que se enquadra a presente coletânea. O título Antologia de Contos Originais foi proposto pelo editor, Dr. Fernando Mão de Ferro, no início dos trabalhos, e envolveu-me de imediato pela sua polissemia. Assim, “originais” tanto pode significar “inéditos”, ou seja, “não publicados”, como “singulares”, isto é, “histórias diferentes”. Faz todo o sentido, pois a maioria dos colaboradores desta coletânea ou é estreante ou não possui ainda uma obra vasta no campo da narrativa. ¶¶ [JOÃO DE MANCELOS (do Prefácio)]
Índice:
Prefácio: novas vozes murmuram nestas páginas João de Mancelos
Os frontispícios fronteiriços Sérgio Almeida
O homem que se julgava um iluminado Lúcio Neto Amado
Delicatessen para dias a meio gás Teresa Beirão
O tom verde maduro das árvores a lembrar, vagamente, Montmartre Luís Bento
Essa longa viagem na noite Maria de Fátima Candeias
História familiar Joaquim Jorge Carvalho
Quem procurais? Luís Filipe Cunha
Uma pequenina obsessão Isabel Hub Faria
No limiar da eternidade Gabriela Ferreira
A roleta da vida Dora Nunes Gago
O trilho das rosas sangrentas Maria Luísa Garcia
A manifestação de um lado B da vida Carlos Nuno Granja
Naja Naja António M. A. Igrejas
A viagem que nunca fizemos María Colom Jiménez
A cartola Paula De Lemos
Conto nenhum – impressões de Januário sobre as coisas da vida e todo o resto Breno Leal Lima e João Vilnei de Oliveira Filho
Na sombra de Bartleby Maria Antónia Lima
A águia paira na cimeira do Céu Raquel Gonçalves-Maia
Chronica Adefonsi Imperatoris Teresa Martins Marques
Jocasta Arlinda Mártires
Augusto Sabiel – O homem que bebia livros loucos e sabia António Mota
O silêncio Rita Ciotta Neves
Confinamento – um, dois, três – acatar! (toca a todos, cão, gato, gente…) Conceição Oliveira
O vinho da boda Maria João Lopes Gaspar de Oliveira
A dança do mar Rosário Pedroso
A promessa João Rasteiro
Cabelo encaracolado Ricardo Rato Rodrigues
Para lá do palco Ana M. M. Santos
Os botões dourados Maria da Graça Guilherme d’Almeida Sardinha
As coisas da vida Francisco Martins da Silva
Estamos aqui Diogo Simão
No lento frenesim da peste Jorge Tinoco
CONTO EXTRA A doçura dos crocodilos João de Mancelos
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O COORDENADOR:
JOÃO DE MANCELOS, nome profissional de Joaquim João Cunha Braamcamp de Mancelos, nasceu em Coimbra, em 1968. É doutorado em Literatura Norte-Americana, pós-doutorado em Literaturas Comparadas e possui uma agregação em Estudos Culturais. É docente no ensino superior. Possui obra na área do ensaio, poesia e narrativa. Entre os seus livros destacam-se “As fadas não usam batom” (2.ª ed.), “Introdução à escrita criativa” (5.ª ed.) e "O pó da sombra".
Detalhes:
Ano: 2020
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 288
Formato: 23x16
ISBN: 9789896899936
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