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Sinopse:
(...) Sucedeu que, nessa luta contra a opressão das pessoas e dos povos (duros combates físicos e psíquicos!), a minha sensibilidade captava os sofrimentos e esperanças, a mente não deixava de questionar a realidade que fui encontrando e vivendo. Por vezes registei em prosa e mais raramente em verso o que sentia e pensava. ¶ Agora, cheguei a uma fase da vida onde o espaço da acção está naturalmente suplantado pelo da meditação, o que propicia momentos de escrita sob a forma de poemas, numa vontade de falar a quem procura sentir o mundo (falar de... exílio, amor, saudade...). Para mim é O QUE FALTA. ¶¶ [in texto introdutório deste livro]
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A INSUPERÁVEL DISTÂNCIA // No cálido trópico / da pátria que me pariu / se refugia a alma / deste vagabundo corpo / que frios europeus /agora fustigam / em derradeiro exílio // No compasso da dança / do espaço/vivência / estar/ser / eu desenho e teço / passos de coerência / a preencher / as muitas ausências // E permanece a evidência: / insuperável é a distância / entre exílio e pátria.
Índice:
PERMITAM-ME I – DO EXÍLIO a insuperável distância quantos mares p’ra qui estamos à Pátria mudam-se os tempos o meu mar a cidade que me dói o plúmbeo cacimbo mambos meus lonjuras
II – DO AMOR Capricórnio dádiva adiada mundos tricotado na vida o arroubo começo e fim o que falta a vida em leis metafísicas sigla minha negra deusa o denso minério o muxito e a azinheira o absoluto e o relativo acertar o tempo hosana
III – DA SAUDADE nesse novembro 15 dias depois o teu sorriso o impiedoso caminho que saudade comigo andas melancolias ao encontro nevoenta tarde nos compartimentos da alma dores de agora o dia de hoje nuvens
IV – DA MULHER para lá de tudo hino mulher: modos de falar de ti Kianda em chuva de cajú a mulher de sempre
V – DA MEDITAÇÃO tempo e estação pinta o quadro procura folha caída ontologia ausências universos íntimos modos de caber no mundo espaço vital o cacto e o poeta a linha do horizonte o fim do dongo o charco as fases só o eco da utopia a África resgatada conversa kalu a palanca a totalitária razão arca perdida peregrinação tudo depende escorrem emoções imanência cem anos, Mandela nos silêncios
VI – DA FINITUDE nesta hora sobressaltos O fatal alheamento (dito de três maneiras) viagem o que resta? a gruta árvores e humanos alma em múcua o dilema a extinção
VOCÁBULOS ANGOLANOS
AUTOR:
ADOLFO MARIA entregou-se desde a sua juventude à luta nacionalista para a independência do seu país. Participou no combate cultural (Sociedade Cultural de Angola, jornal Cultura e Cine Clube de Luanda), nos anos 1950; no combate político (no PCA e no MLNA), o que lhe valeu a prisão pela polícia política portuguesa, a PIDE, em 1959; e no combate armado (nas fileiras do MPLA) nos anos 60 e 70 do passado século. Dentro da luta nacionalista, participou no combate pela democracia no seio do MPLA, em 1974, como membro da tendência Revolta Activa, o que originou um mandado de captura contra vários elementos dessa tendência, em Abril de 1976, cinco meses após a independência de Angola. Adolfo Maria escapou à rusga da polícia do regime, a DISA, e manteve-se escondido durante quase três anos, cessando a sua clandestinidade após o anúncio de amnistia pelo presidente da república; esteve ainda preso pela polícia política e, depois, foi expulso do país em 1979. Esse período que o autor viveu é descrito no seu livro “Angola, Sonho e Pesadelo” e a dramática vivência dessa clandestinidade é-nos transmitida na sua obra “Angola no Tempo da Ditadura Democrática Revolucionária – Poética do Auto-Cárcere”. No exílio, Adolfo Maria tem participado em colóquios, conferências, entrevistas e colaborado em publicações angolanas; é membro do painel do programa "Debate Africano" da RDP África. Além dos livros acima citados, publicou “Angola – Contributos à Reflexão” e os romances “Naquele Dia Naquele Cazenga” e “Na Terra dos TTR”. Todas estas obras foram editadas por "Edições Colibri", em Lisboa.
Detalhes:
Ano: 2018
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 130
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-759-8
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