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Sinopse:
Tendo como âmbito a relação entre o teatro e a sociedade, partindo da ideia de que o Auto da Fé, a cerimónia da Inquisição na qual, publicamente e com grande aparato, eram anunciados os condenados por heresia e as respetivas penas, possuía uma dimensão teatral, surge este livro. A igreja e o teatro estiveram sempre, de uma forma ou de outra, relacionados e, essa condição levava-me a pensar que as manifestações do poder religioso utilizavam procedimentos teatrais na sua elaboração e que haveria a consciência da eficácia do teatro enquanto instrumento de instauração da ordem e correção de comportamentos desajustados. No caso do Auto da Fé havia a particularidade de, em simultâneo, este operar enquanto instaurador de terror e enquanto festa. O público aderia a esta dupla função, exteriorizando as emoções, acompanhando vocalmente os cânticos e as orações e incitando os condenados não confessos a confessarem o seu crime.
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Sou e sempre fui esse tipo de homem que encontra na atividade do “fingimento” a melhor forma de se esconder e de se revelar. Desde a idade de seis anos que soube que queria ser ator – sem saber exatamente o que significava isso nem qual a importância que teria no seio da sociedade. “Sentia” apenas que não me cansava (e esperava nunca vir a cansar-me) de “fingir”. Estava longe de saber que esse fingimento era a minha tradução do conceito mais geral de representação. (…) Havia e há, pois, uma relação direta entre teatro e sociedade. Mas essa relação não se resumia a uma função de entretenimento ou a ser uma das formas de expressão artística do ser humano. Havia e há uma utilidade estética, no teatro, que lhe permite conformar uma ideologia ou um conjunto de normas de conduta. Deste modo, o teatro poderia funcionar como instrumento pedagógico e propagandístico.
Índice:
AGRADECIMENTOS
NOTA
Abreviaturas, Siglas e Termos em Latim nas Referências Bibliográficas
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO 00.1 – Descobrindo a relação entre o Teatro e a Sociedade 00.2 – Objetivos e Metodologia deste Estudo
1 – A INQUISIÇÃO e a SUA CERIMÓNIA MOR 1.1 – O Auto da Fé: Uma Representação da Fé 1.1.1 – O Que Era, Como Era, Quem o Promovia e o Que Visava o Auto da Fé 1.1.2 – Auto da Fé: Estrutura 1.2 – Diferenças Entre o Auto da Fé e o Auto Sacramental ou os Mistérios 1.3 – Auto da Fé em Portugal 1.4 – A Presença do Teatro no Auto da Fé: Ponto da Situação e Contributos
2 – AUTO da FÉ, RITUAL e TEATRALIDADE 2.1 – O Conceito de Teatralidade: Estado da Questão 2.1.1 – Performance e Teatralidade 2.1.2 – Efeito de Teatro e Teatralidade 2.2 – Teatralidade no Auto da Fé
3 – AUTO da FÉ e TRAGÉDIA ANTIGA 3.1 – A Noção de Purgatório e a Função de Purgação 3.2 – Violência, Pathos e Purgação 3.3 – A Prática da Pena de Queima e dos Métodos de Tortura Enquanto Representação Mimética
4 – SOCIEDADE do ESPETÁCULO: CONCEITO e CARATERÍSTICAS ... 115 4.1 – Aspetos de Uma Sociedade do Espetáculo na Sociedade Portuguesa do Antigo Regime
5 – A TEATRALIZAÇÃO do PODER 5.1 – Encenação da Cerimónia 5.2 – Comunicação Bidirecional do Auto da Fé: Relação entre Povo e Poder e Legitimação do Auto da Fé pela Participação Popular
CONCLUÍNDO
APÊNDICE
ANEXOS
FONTES E BIBLIOGRAFIA
AUTOR:
BRUNO SCHIAPPA – Doutorado em Estudos Artísticos pela Universidade de Lisboa, na especialidade de Estudos de Teatro, é Ator, Encenador, Dramaturgo e Investigador Integrado do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa. Além de reunir já mais de 50 textos de teatro, assina aqui o seu segundo livro sobre as questões da teatralidade e da relação do teatro com a sociedade e o poder. Encontra-se a desenvolver uma investigação em regime de Pós Doutoramento pela FCT no CET, sobre as manifestações da sexualidade na performance teatral. Tem trabalhado em palco, cinema e televisão e formado vários atores portugueses; dirigiu um workshop sobre O Método em Montréal e o seu espetáculo de teatro Memórias de Um Psicopata foi apresentado em Paris no Kyron Éspace. Durante oito anos (2000/2008) foi membro da companhia de teatro canadiana Pigeons International. Foi protagonista da longa metragem de Orlando Fortunato Batepá e prémio de ator pelo trabalho em Frozen e (I)Mortal e de melhor coreografia das Marchas de Lisboa 2011, pela EGEAC. Tem apresentado comunicações em várias conferências internacionais e é autor de vários artigos integrados em livros e em sites especializados. Concebeu um mestrado e uma pós-graduação em Artes Performativas e Tecnologias Digitais. Os seus projetos teatrais, bem como as suas investigações, debruçam-se sobre o papel do teatro e do espectador na instauração ou disrupção das normas convencionais de conduta.
Detalhes:
Ano: 2018
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 260
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-782-6
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