Recomendar livro a um amigo
|
Sinopse:
Inácio Rebelo de Andrade, um estrangeiro definitivo, parafraseando Adolfo Casais Monteiro, no Portugal dos seus antepassados, para onde veio trazido pela descolonização da sua terra do Huambo. Essa estrangeiridade é, mais uma vez, a marca de água dos poemas reunidos neste volume, onde a escrita, mais referencial e narrativa do que sugestiva e metafórica, não prescinde de alguns acenos dramáticos de um eu que, parecendo temporalmente enunciar-se, se reconhece outro na intemporalidade de enunciados germinados em versos de saudade por um chão a que se pertence, mas a que se foi arrancado pelas vicissitudes da história mal interpretada por homens mais ambiciosos do que esclarecidos. ¶ Os versos têm, por isso, a imediatez dos impulsos da amadurecida e seletiva memória dos tempos angolanos, da primeira idade à idade adulta, da família em que se é criado à família que se cria, da escola formal em que se impunha ser outro à escola da vida e dos amigos, em que se fortalecia a liberdade interior de ser eu. São versos intuitivos para amenizar, não para disfarçar, as cicatrizes do exílio que, como Alexandre Herculano ensinou, instigam jeremiadas históricas, mas não reconciliam com o tempo e o espaço do desterro interior a que foi condenada a alma africana e tropical do autor. ¶ [Salvato Trigo]
Índice:
À maneira de prefácio Uma explicação
1º CICLO: Saudades da minha terra
Sou que nem árvore vinda de Angola A minha terra não é esta certamente A memória que não perderei jamais Ernesto Lara Filho Fecho os olhos, vejo tudo Moamba de domingo O tocador de quissange Queijo com goiabada Vejo os anos passar e envelheço O cheiro desse perfume forte Algumas noites, logo que adormeço Recordação indelével Quanto a memória é capaz Era assim todos os anos
2º CICLO: A terra onde nasci
Diogo Cão Até que um dia, em Kalandula Leão Mulata Mãe negra cava o dia inteiro A pegada de Ginga O sol de Angola No Cuanza, em Camacupa Albino No cacimbo O imbondeiro A rapariga cuanhama Variações sobre a velhice 1ª: Sapalo sabia muito 2ª: O muito que ele sabe Na noite de luar As hienas
3º CICLO: Do regime colonial
Negra Domingas Requiem pelos mortos na Guerra Colonial Nova Lisboa e a sua toponímia
Duas versões da mesma história: 1ª: Por um ser branco e o outro não 2ª: José João e Catandica Desabafo da mulata Carolina Sipaio Futebol de rua Quando veio era cafeco Numa aula apenas, a correr Tornou-se homem respeitado Tinha o seu lugar já determinado
4º CICLO: Do regime do contrato
Foi p’ra São Tomé cultivar café Aquela negra chalada Outro bailundo, filho do mato Até o sol se pôr A dor maior de estar ali Mês funesto Isso é que não
Glossário
DATA DE EDIÇÃO: Dezembro de 2015
O AUTOR:
INÁCIO REBELO DE ANDRADE nasceu em Angola, na cidade do Huambo. É licenciado em Agronomia pela Universidade de Luanda e doutorado em Engenharia Agronómica pela Universidade Técnica de Lisboa ¶ Consultor da UNESCO, com cerca de 40 títulos publicados sobre temas da sua especialidade, é Professor Catedrático Aposentado da Universidade de Évora, membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da União dos Escritores Angolanos e da Associação Portuguesa de Escritores.
Detalhes:
Ano: 2016
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 150
Formato: 12,5x21
ISBN: 978-989-689-553-2
|