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Sinopse:
«A Literatura Tradicional e Oral, em particular os contos, é um filão ainda, em grande parte, por explorar, sobretudo no que respeita a muitos aspectos da sua significação. Com efeito, nela se cruzam velhos mitos ou mitemas selecionados em função dos interesses da sociedade ou da cultura que os transpõe para os contos, (…). A autora centrou o seu trabalho nas questões da metamorfose e da sua relação com a evolução maturativa porque, como é há muito sabido, a relação dos contos com a evolução maturativa das crianças e dos jovens é um dos pontos centrais da sua significação quer espelhando-a quer induzindo-a pelos conteúdos e exemplos que põe à disposição das sociedades. Se os contos tradicionais são um repositório vivo das verdades em que a sociedade acredita ou cuja significação amplifica, por vezes ludicamente, e também uma indução da evolução psicológica das crianças e dos jovens (e que são os principais representados nestes contos, como a autora nota), esses contos vão ganhando a qualidade de “lugares” da identidade dessas sociedades e instrumentos rituais para a eficácia maturativa e identitária (do grupo e das pessoas)». [do Prefácio de Helder Godinho]
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«“O conto tradicional constitui¬ se como espaço privilegiado onde a imaginação e a realidade, o possível e o impossível ou improvável, muitas vezes designado como maravilhoso, estabelecem uma simbiose profunda, da qual nascem sentidos múltiplos e multiformes tais como os seres que o habitam.
Por isso, pela natureza que o define e o torna singular entre as produções literárias, o conto tradicional prepara¬ nos antecipadamente para o encontro com a princesa e o príncipe, o sapateiro e a padeira, o lobo e o lobisomem, o sapo ou o cavalo ou ainda a gata, metamorfoseados seres cujas formas animais escondem uma natureza humana. De facto, entre os ogres e os monstros, as bruxas e as fadas ou outros seres fantásticos, metáforas da alteridade enquanto constante da relação entre os homens e da convivência social, surgem personagens que desempenham a função de heróis ou heroínas, muitas vezes sob a forma de príncipes e princesas, de meninos e meninas que, embora sendo figuras de papel produto da imaginação do contador/narrador, decalcam e partem do modelo que é o próprio homem.
Neste sentido, uma pluralidade de seres metamorfoseados assume temporariamente uma forma animal, vegetal ou mineral ou então identidades, rostos e funções que escondem a verdade e a plurissignificação do ser. Por conseguinte, e face à presença da metamorfose neste tipo de produções, coloca¬ se a questão da sua importância e do seu significado no conto quer como estratégia literária quer como metáfora simbólica. (...)» [De "IELTsando... pela 39.ª vez", de Ana Paula Guimarães]
Índice:
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 1. O conto: significado do termo 2. Literatura escrita e tradição oral 2.1. Literatura e tradição oral 2.2. Escrita e Oralidade: a problemática da auctoritas 2.3. Significado da expressão “Literatura popular” 2.4. Distinção entre Literatura consagrada e Literatura oral de expressão popular 2.5. O conto popular e o conto literário 2.6. Preservação da Literatura Popular de expressão oral
II. METODOLOGIA DE TRABALHO 1. Escolha do corpus de textos 2. A estrutura da obra
III. METAMORFOSE: FANTÁSTICO, MARAVILHOSO E ENCANTAMENTO 1. A metamorfose 1.1. Metamorfose e mito 1.2. Metamorfose e mistério do mundo 1.3.Viagem iniciática e mitos de crescimento 1.4. Metamorfose e regressão 2. Metamorfose, fantástico e maravilhoso 2.1. Metamorfose e fantástico 2.2. Fantástico e maravilhoso: géneros distintos 2.3. Características distintivas dos dois géneros 2.3.1. Critério da tonalidade 2.3.2. Critério estrutural 2.3.3. Critério ideológico 2.3.4. Critério da ilusão referencial 2.3.5. Critério da escrita 3. Metamorfose: elemento maravilhoso 4. Metamorfose e encantamento
IV. METAMORFOSE: O PAPEL DAS FIGURAS PARENTAIS 1. Representações da metamorfose 1.1. A figura materna 1.1.1. A esterilidade materna e a má palavra 1.2. A figura paterna 1.2.1. Imposição paterna da viagem e tributo 1.2.2. Demissão e obsessão paterna 2. Duplos parentais 2.1. As velhas 2.2. As fadas e a madrasta 2.3. Fada madrinha e fada má 2.4. Os padrinhos 3. Ressurgência do mito de Cronos
V. METAMORFOSE E DESAFIOS IDENTITÁRIOS 1. As provas femininas 1.1. A procura do marido perdido 1.1.1. A janela, a viagem ou o caminhar e os objectos mágicos na contrução da identidade 1.2. A dádiva da saúde 1.3. O asseio e a manutenção do lar: limpar, fiar, coser e tecer 1.4. A reversão da petrificação 1.5. A adjuvância do herói 1.6. Desafios masculinos propostos ao feminino 2. As provas masculinas 2.1. A vitória sobre o monstro e libertação da princesa 2.2.O encontro com o feminino e o risco da petrificação 2.3.A revelação de enigmas e o encontro com a mulher 2.4.Reversão da metamorfose animal e função real 2.5.A descoberta da origem e a reposição da verdade 2.5.1. Provas colectivas na busca da origem
VI. METAMORFOSE: UM PERCURSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE 1. Tempo e metamorfose 2. Metamorfose e identidade 3. Dialécticas da (re¬ )velação da identidade 3.1. Psique e Eros: o mito revisitado 3.2. Persona ou máscara e disfarce 3.3. Ocultação da identidade 3.4. Substituição da identidade 4. A identidade como narrativa
CONCLUSÃO 1. O conto 2. A criança: primeiro destinatário do conto tradicional 3. Conto e construção identitária – a psicologia na análise dos contos tradicionais 4. Metamorfose e identidade 5. A mulher no conto 6. O conto como palimpsesto 7. Conto e identidade narrativa
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE REMISSIVO
DATA DE PUBLICAÇÃO: Dezembro de 2015
A AUTORA:
Teresa Margarida Gonçalves de Castro é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Tem desenvolvido o seu trabalho como docente no Ensino Básico e Secundário, onde participa e colabora em vários projetos no domínio da literatura, da língua portuguesa e da literatura tradicional. Integra também o grupo de investigadores do IELT – Instituto de Estudos de Literatura e Tradição da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Obteve o grau de Mestre em Literaturas Comparadas Portuguesa e Francesa pela mesma universidade, com a tese O espaço nos romances de Chrétien de Troyes, orientada pelo Professor Doutor Hélder Godinho. Doutorou-se no ramo de Línguas e Literaturas Modernas, especialidade de Literaturas Românicas Comparadas, tendo apresentado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa a dissertação que agora se publica.
Detalhes:
Ano: 2015
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 354
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-224-1
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