Solstícios




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Autoria: Miguel d'Anunciada
Temas: Poesia

Sinopse:

Temática múltipla, predominantemente na primeira parte um imaginário intemporal e escatológico e, na segunda parte, o amor como via de salvação na temporalidade próxima e em contraponto com a morte.

Índice:

PREFÁCIO

EXULTAÇÕES
ser
Deus
natureza
mulher
do fim

SOLILÓQUIOS
rosas vermelhas na escuridão
minhas sombras dispersas
com mãos alagadas de verde
para quê abrir
canto minha voz triste na luz
meu triste sonho de embalar
minhas mãos emaranhadas
meu lago de bem passar
meu correr que no mundo que se esgota
tudo o que vai para onde
na orla dos dias e das marés
não dei pela morte
porque somos a vida
as horas a bater no zinco dos telhados
há falsos corpos
já não vejo ninguém nas esquinas
o ser e o não ser
o número vazio
o sol não morre
eu sou a partir para terras sem nome
a gotejar coisas que vêm ter comigo
dias a perder de vista
em histórias lidas nos espelhos
caminhos que não têm retorno
quando somos plácidos
em luzes de neon do meu silêncio
soam ais desamparados
suave silêncio do limbo fugido
tardia é a mão que nos toca

NOITE
desce noite prescrita
na noite submersa
minha noite perdida
cai tudo o que a noite tinha
já voa minha noite
meia noite da meia lua
já outra vez a noite

SIDERAIS
procurei-te
vou náufrago no céu azul
olhei para lá do sem fim
morreram comigo as horas
silvam comboios por caminhos
caiem coisas repentinas do céu
pairam no ar os momentos
o vento quente baloiça
dos olhos inquietos das crianças
lilith
voo da ave ferida
uivam os cães à lua
sobre um mar gélido parado
quebram-se as cordas dos barcos ao longe
palavras pegadas às mãos suadas
quando se iluminam as palavras

MEMÓRIAS
ribalonga
paracelsus
corcéis debruados em sombras dos meus dias
febo
será que el-rei d. sebastião
distante dourado de
Portugal

EROS
NÉFTIA
já minha sombra se ilumina
olhei-te ao espelho
porque não falas daquele
porque eras distante remota
fugitiva imagem que não ficas

NOESIS
bailarina do riso
lua cheia abandonada
quando desfolhaste a margarida
rolam nas tuas mãos
porque surgiste
deixa que adormeça velado
cavalo branco que voas ao longe
o teu nome corre pelos rios
por nada por um gesto
caiem da chuva os olhares breves
feiticeira das nuvens
trouxe o teu sorriso
a minha vida escorre pelos teus dedos
a tua mão fluorescente
segui os teus passos
aperta as minhas mãos
olhei nas horas das coisas
perder-me no olhar sem voltar
os teus pés inquietos
querer-te
meu espelho minha vida florida
afoguei-me ao teu redor
a tarde cansada
sonho de mim
dá-me a tua mão
tudo em mim parou
vem por caminhos dedilhados
quando te encontrei
na noite entrelaçada
o que passa perpassa
perdi as palavras que te dei
não sei que dizer-te
do outro lado do mundo
preso na teia rendada
mulher que habitas
nos silêncios do teu olhar
o meu olhar sobre ti
se és miragem verdadeira
achei-te no mar das tardes serenas
este esgar de dedos
desejos de branco que fogem
vestida de negro e brilho
nos passos perdidos
perdi-me no acaso do teu olhar de criança
na noite submersa
porque olhar uma flor
amemo-nos antes que os ventos
continuas ao longe
pelas vidraças da tarde
meu amor
ouvem-se hinos nos palácios fechados
das tardes a tarde escoada
dança alegria na brisa das horas
a tua boca petrificou
descalça de negras rendas
de preto foram os beijos
ao longo esquecer do teu vulto dançado
quebradas as pedras
já cai a noite
laivos de longe
eras longe nos dias
vinha no vento
vinhas com o silêncio
longe de ti longe
mulher suave que vais no longe
como folhas repetidamente folhas

SAFO
aquela mão opalina
de dedos de marfim e seda
aquele corpo desnudado
como estátua

HERMA
mistério aberto da flor

CERÉLIA
hoje eras a esperada visita
olhos de água mar
roda na roda da noite sagrada
de maçãs rosadas
no sentir do teu olhar de mar
vou nas águas escondidas
na terra afagando o mar
rainha dos montes e do trono da terra
eras longe nos dias
ribomba a noite quebrada
quando o teu corpo se abre ao sol
são de ti as lembranças da noite serena

ANODIA
vão minhas mãos nas tuas

CINTIA
os amanhãs que cintilam
a esperar sempre a esperar-te
isto não é amor nem vida nem morte
meus sorrisos da manhã
porque eras longe
foge pelos teus gestos brandos
esperemos a primavera
de esperar o tempo que escorre

BÉLIA
olhei-te e eras de rosa a sorrir
quando surgias na manhã
manhã crisálida dos teus dedos
vão nos rios dos teus braços
sussurraram as minhas mãos no teu corpo
nas minhas mãos a memória
choram minhas mãos ao sentir
os teus braços nus
meu olhar que se esquece de te ver
vou nas vagas que vêm e vão
as tuas frases vêm-me ao caminho
mulher dos sorrisos a caírem ao mar
minha gentil amiga
meus dias com a ilusão
correm momentos fogem dias
regavas flores naquela esquina
minha amiga já a noite desce
corram palavras encham o mar
trespasse a trespassar o coração
de negro e prata
quebrou-se o espelho
voltei a ver-te
passou a brisa perfumou o ar
senhora das coisas a vir
crescem açucenas no recordar
deixa o amor em carícias
meu dorido prazer
no fulgir da tarde
dá-me os sonhos e os dias
deixemos aquelas coisas de imaginar
as folhas a começar no outono
no vale cintura das dunas
despidas as almas os corpos em amor
mulher dourada das manhãs
meu último amor
mulher sem quimeras
minhas sombras meus amores
minhas sombras rastejantes
miríades de lembranças
gentil imagem que não foges
meu amor junto ao rio
no rio correndo dos teus braços
meu amor caixão nas nuvens

GÓRIA
as deusas antigas que eram a acabar
caiem das tardes gotas ansiosas
sem pontuação sem nada

CIRÉNIA
deixa olhar-te

ARODINA
visitando as palavras que ficaram
silhueta que ao longe
a noite traz-me as tuas palavras baixinho
já minhas mãos estão vazias
minha carícia meu enlevo
porque és longe sinto a mudança
o teu corpo é macio e firme
o teu corpo é tentação
de ti ficou a estátua

FIM
rosa rosae
feiticeira tisnada dos malefícios de amar


O AUTOR:

Fernando Barata Freitas (Pseud. Miguel d'Anunciada)nasceu em Lisboa, no ano de 1937, licenciou-se em medicina em 1967 tendo-se especializado em neurologia. Dedicou-se à fotografia na década de 70 tendo exposto nacional e internacionalmente. Na poesia, que cultiva desde a juventude., além de alguns poemas dispersos dos anos 60 e 70, só nos últimos quatro anos se dedicou à feitura deste livro.

Detalhes:

Ano: 2012
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 312
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-227-2
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