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Sinopse:
Este estudo é uma problematização da função estético-ideológica do Neo-Realismo, num contexto sociocultural e político específico, tendo em conta que as obras deste movimento, para lá da sua qualidade estética, são um documento, no plano do imaginário social associado a uma cultura da “resistência” à ditadura, imprescindível para o estudo da nossa História contemporânea. Através da análise textual, é também um contributo para uma história da narrativa social portuguesa, desde a década de 30 à de 70 do século XX.
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Se toda a literatura é obviamente um acto cultural, podemos dizer que no caso do Neo-Realismo, por vezes, a concepção cultural, convenientemente codificada, se sobrepôs à própria especificidade da estética literária. E como todas as generalizações são abusivas, convém realçar que, apesar dos imperativos ideológicos, a prática estética de alguns dos seus autores revelou uma capacidade singular de fazer coexistir a comunhão ideológica e a idiossincrasia estética, tal foi o caso de Carlos de Oliveira, Alves Redol, Mário Dionísio, Soeiro Pereira Gomes, Manuel da Fonseca e Fernando Namora, entre outros.
Índice:
Introdução I. A tragédia do mundo e o Neo-Realismo 1. O realismo socialista soviético e o Neo-Realismo português 2. A esteticização da política e a politização da estética 2.1. Do bloqueamento ao caminho 2.2. A dialéctica entre a forma e o conteúdo 2.3. A metáfora especular no Realismo e no Neo-Realismo 2.4. O realismo etnográfico de Alves Redol e a mimese do outro social 2.5. A doação de uma voz cultural a um novo destinatário social 2.6. A representação estética do povo e um novo tipo de intelectual 2.7. A ruptura com a cenografia bucólica nas narrativas rurais neo-realistas 2.8. A intersecção entre a cultura popular e a erudita 3. As relações do Neo-Realismo com o 1º e o 2º Modernismos 4. Uma polémica interior ao movimento: “a ponte abstracta” 5. O realismo social de Ferreira de Castro: o trânsito entre o Naturalismo e o Neo-Realismo
II. Os universos da ficção neo-realista 1. Os romances da juvenília neo-realista coimbrã: Fernando Namora e Vergílio Ferreira 2. As narrativas de temática rural: a semântica dos “alugados”, da fome e da rebeldia 2.1. Textos precursores da narrativa rural neo-realista 2.2. O realismo “etnográfico”, o épico e o lirismo telúrico em Alves Redol 2.3. A tragédia rural em Afonso Ribeiro 2.4. O lugar e a errância na obra de Manuel da Fonseca 2.5. Os conflitos sociais no espaço aldeão em Vergílio Ferreira 2.6. O real e as sombras na ficção de Mário Braga 2.7. O ciclo rural de Fernando Namora 2.8. As histórias alentejanas de Antunes da Silva 2.9. O tema da adolescência provinciana em Marmelo e Silva 2.10. O romance policial e a luta de classes em Jorge Reis 3. O halo e o espelho em Carlos de Oliveira 4. As narrativas de temática urbana 4.1. Histórias de operários e do lumpemproletariado 4.1.1. O épico-lírico na obra de Soeiro Pereira Gomes 4.1.2. Alves Redol e o operariado de Lisboa 4.1.3. Romeu Correia: o escritor da margem esquerda 4.1.4. “O Acidente” de José Rodrigues Miguéis: a construção da metáfora social 4.1.5. Júlio Graça: um olhar documental sobre o operariado alhandrense 4.1.6. A paisagem rural e a industrial em Manuel Ferreira 4.1.7. A epopeia dos mineiros em Manuel do Nascimento e Fernando Namora 4.1.8. Vicente Campinas: histórias de contrabando 4.2. Histórias de burgueses: Assis Esperança, Tomaz Ribas e Orlando Gonçalves 4.3. O ciclo urbano de Fernando Namora 4.4. Os bairros populares de Lisboa: Leão Penedo e Aleixo Ribeiro 4.5. A Lisboa dos contadores de histórias: Alexandre Cabral, Manuel Mendes, Mário Dionísio e José Gomes Ferreira 4.6. Os vagabundos na cidade: Joaquim Namorado, Leão Penedo e Mário Braga 5. Histórias de mulheres: Manuel do Nascimento, Leão Penedo e Faure da Rosa 6. Histórias de mulheres contadas por mulheres: Irene Lisboa, Manuela Porto, Maria Archer e Maria Lamas 7. As narrativas da luta clandestina: Mário Dionísio, Soeiro Pereira Gomes, Manuel Tiago, Mário Braga e Manuel da Fonseca 8. Histórias de emigração e exílio: Alves Redol, Joaquim Lagoeiro José Rodrigues Miguéis e Ilse Losa 9. Histórias coloniais: Manuel Ferreira, Castro Soromenho, Alexandre Cabral e Orlando da Costa 10. Sidónio Muralha: uma fábula anti-imperialista
III. Os herdeiros e os nostálgicos do Neo-Realismo 1. José Cardoso Pires: histórias de proveito e exemplo 2. Urbano Tavares Rodrigues: uma nova articulação entre o eu-individual e o eu-social 3. Augusto Abelaira (1959-1978): os heróis fracassados, o bolor e o tempo da espera 4. Baptista-Bastos: as palavras censuradas 5. Mário Ventura: do herói positivo ao herói problemático 6. Álvaro Guerra: uma alegoria do poder fundiário e do seu crepúsculo 7. José Saramago: dos homens levantados à ocupação do “Livro do Latifúndio”
IV. Como se fosse um epílogo
O AUTOR: Vítor Viçoso (Lisboa, 1943) é professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou em Literatura Portuguesa (1989). Para além de ensaios sobre Raul Brandão, Carlos de Oliveira e José Saramago, dos quais destacamos A Máscara e o Sonho – Vozes, Imagens e Símbolos na Ficção de Raul Brandão, publicou artigos sobre temas e autores do Romantismo, do Simbolismo e do Neo-Realismo. É actualmente director da revista Nova Síntese – Textos e Contextos do Neo-Realismo.
Detalhes:
Ano: 2011
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 354
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-146-6
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